LINDA CANÇÃO,LINDO POEMA.
terça-feira, 23 de junho de 2009
segunda-feira, 8 de junho de 2009
RADIO CLUBE DO LOBITO

Rádio Clube do Sul de Angola - Rádio Clube do Lobito
O Lobito já nessa altura era uma das cidades mais pujantes de Angola. As forças vivas cedo se puseram a trabalhar, enviando petições às várias entidades "não pedindo mais nem sequer tanto do que fora concedido ao Rádio Clube de Angola".
Chamaram-lhe Rádio Clube do Sul de Angola, designação que veio a ser transformada em Rádio Clube do Lobito, já que no sul de Angola e mesmo na vizinha cidade de Benguela outros rádio clubes se fundavam. Encabeçava a Comissão Organizadora uma figura política de relevo na altura, o engenheiro Raimundo Serrão.
É em 1938 com um emissor RCA de 100 watts que este segundo rádio clube é autorizado a funcionar em 20 e 40 metros. Mas parece que já em 1937 houve emissões do Rádio Clube do Lobito através do CR6-AA, a julgar por um folheto da altura assinado por Augusto Carvalho e em que se podia ler:
"... no que respeita à aparelhagem, Álvaro de Carvalho lá ia adaptando, reparando, atamancando e as suas emissões lá iam seguindo com certa regularidade. Os discos eram quase sempre os mesmos, pelas naturais dificuldades de compra. Mas logo surgiu alguém – o também pioneiro Joaquim Aguiar que se lançou na tarefa de angariar meio milhar de novos discos".
Reuniões sucessivas estabeleceram as bases do Rádio Clube do Lobito, a partir de uma comissão de fundadores da Casa da Rádio: eng. Raimundo Serrão, Joaquim Aguiar, o indispensável Álvaro de Carvalho (pela sua posição de proprietário do emissor), José Felício, Martins de Oliveira e Alexandre Cordeiro. Todos, com excepção de Joaquim Aguiar eram funcionários do Porto do Lobito.
No dia 3 de Maio de 1937 é feita a primeira emissão através do emissor CR6-AA. O entusiasmo foi tal que logo se concluiu que a iniciativa era irreversível. E nem a desistência forçada do dono do emissor fez esmorecer os ânimos.
Festas, rifas, cortejos de oferendas e peditórios tudo serviu para angariar os fundos necessários para mandar construir de raiz um emissor ao técnico benguelense sr. Belém.
Depois de muitas peripécias resultantes da impreparação de todos, o emissor conseguiu fazer-se ouvir oficialmente no dia 3 de Maio de 1938 (dia em que se festejava a descoberta do Brasil e era feriado). Inauguração que teve honras da presença do então Governador Geral de Angola, coronel Lopes Mateus.
Integravam o quadro de locutores do Rádio Clube do Lobito, então com a designação de Rádio Clube do Sul de Angola, Martins de Oliveira, José Perestrelo e Francisco Macedo.
Um dos pioneiros foi Mesquita Lemos que, depois da Independência, veio a integrar a Rádio Nacional de Angola, como profissional, mas sobretudo como pedagogo, como docente na Rádio-Escola. E também na Televisão Popular de Angola. Mas Mesquita Lemos iniciou a sua longa carreira no Rádio Clube do Sul de Angola.
Ele próprio conta em entrevista a "África Hoje", esse início: "Mesquita Lemos – que se diz pertencer ao tempo do “lápis azul” (censura) – nasceu nos Gambos, um município da Província angolana da Huíla, para onde seus pais decidiram viver quando Angola fazia parte das antigas regiões ultramarinas portuguesas. É o mais antigo trabalhador da rádio. O “Velho Mesquita” – decano do jornalismo em Angola – recorda-nos que muito recentemente passou o aniversário do acontecimento, por sinal, o mais fascinante da sua vida, aquele em que começou a trabalhar efectivamente na rádio. “Nesse dia, comecei a trabalhar... É que eu era, na altura, funcionário dos serviços do Porto e Caminhos de Ferro, no Lobito, e tinha como Director Geral o Capitão Raimundo Serrão, que era simultaneamente o Presidente do Rádio Clube do Sul de Angola”. Foi sabendo que Mesquita Lemos frequentava o Rádio Clube do Sul de Angola que o Capitão Raimundo Serrão pediu que o jovem fizesse uma emissão especial, apenas para, em curtos intervalos, anunciar repetidas vezes e ao longo do dia que “A guerra terminou”.
O Capitão Raimundo Serrão estava eufórico. Ele pediu que eu repetisse tal frase quantas vezes fossem possíveis ao longo do dia... e lá estava eu... Com essa frase, não como um teste de voz, nascia ali um novo radialista. A sede da Rádio Clube do Sul de Angola era no Largo Leopoldo da Noiva, na ponta da Restinga. Era lá que funcionava um único emissor...; foi uma acção que criou em mim um entusiasmo enorme e que me levou a integrar a vida radiofónica. Passei a fazer um noticiário, cujas fontes de informação eram a própria população lobitanga".